1. ORIGEM
O siriri é uma dança
típica do Mato Grosso acompanhada por música e versos cantados (CASCUDO, 2012).
Realizada na região sul de Cuiabá há mais de duzentos anos, o siriri reflete a
miscigenação entre negros, índios, portugueses e espanhóis que ocuparam a
região no decorrer da história (HANSEN, et al., 2005); (SANT’ANA; VELHO; SILVA,
2012).
Com relação ao termo
“siriri” Hansen et al. (2005) após várias consultas e depoimentos coletados
entre dançarinos e tocadores desta manifestação, não encontraram informações
contundentes sobre a origem desta nomenclatura.
O siriri é considerado uma
dança que remete as brincadeiras e aos divertimentos indígenas, dançado por
homens, mulheres e crianças em diversos espaços que vão desde uma sala até um
terreiro (HANSEN, et al., 2005).
Santos (2011) afirma que o
povoamento das terras mato-grossenses, na época capitania de São Paulo,
iniciou-se em 1719, às margens do Rio Coxipó, que resultaram em dois núcleos
populacionais: Arraial de São Gonçalo e da Forquilha. O primeiro possuía entre
seus habitantes os índios Coxiponé, que deram origem a um dos grupos mais
conhecidos de Siriri na atualidade, o Flor Ribeirinha (SANT’ANA; VELHO; SILVA,
2011). Além disso, a região se caracterizou como um dos principais locais de
expressão do siriri (SANTOS, 2011).
Outra localidade que
também têm forte expressão desta manifestação é Cáceres (MT) (HANSEN, et al.,
2005), que encontrou nos idosos a principal fonte de divulgação do siriri na
cidade, visto que a tradição se desgastou com o tempo.
O siriri é conhecido por
“dança mensagem” visto que não somente sua música, mas também sua coreografia e
expressão procuram transmitir o culto a amizade e o respeito.
2. DANÇA E PASSOS
Hansen et al. (2005) afirmam que a coreografia do siriri é
bastante variada, e muitas vezes não possui uma interpretação definida.
Cascudo (2012) traz no
dicionário de folclore um estudo realizado por Max Schimdt (1942) sobre o
siriri, em que há uma descrição dos dançarinos e cantadores, que formavam uma
grande roda e, assim um par de cada vez ia ao centro bailar. Enquanto esperam
sua vez, os demais casais batem palmas e dançam ao ritmo da música.
O mesmo estudo destaca que
a dança tinha muitas variações, utilizando diversas formações e figurações
durante o seu desenvolvimento. Além disso, os movimentos vão ficando cada vez
mais rápidos e alegres.
O siriri dançado em roda
tem como característica a simplicidade de suas coreografias, em que os
componentes aos pares realizam movimentos em círculo, impulsionando com os pés
o giro do corpo (HANSEN, et al., 2005).
Outro estudo apresentado
no dicionário de folclore, realizado por Rossíni Tavares de Lima - Gazeta de
São Paulo, 25/05/1957-, descreve que o siriri também possui momentos em que é
dançado em filas uma de frente para a outra, de homens e mulheres que se
enfrentam (Figura 2). Ao som dos instrumentos, das palmas e do coro, os
cavalheiros saem em busca das damas dançando, “sambando” (Figura 2).
Os gestos coreográficos
são características importantes para o siriri que devem ser executados com
graciosidade e animação assim como são pedidos nas letras das músicas, que
variam entre bater palmas, pés, estalar os dedos, colocar as mãos na cintura,
giros, entre outros (HANSEN, et al., 2005).
Também é predominante no
siriri o balançado da saia pelas mulheres ao ritmo da música, enquanto executam
seus giros e passos.
3. MÚSICA E LETRAS
O siriri possui coreografias diversas, com melodias
alegres, e letras que tratam da vida ribeirinha e das tradições religiosas. O
ritmo contagiante e harmonizado é marcado pela batida de instrumentos
tradicionais como a viola de cocho, o mocho e o ganzá (HANSEN et al., 2005);
(SANT’ANA; VELHO; SILVA, 2012), ilustrados nesta ordem a seguir.
A seguir um pequeno trecho
cantado no siriri, também resultante dos estudos de Schimdt, presente no
Dicionário de Folclore (CASCUDO, 2012):
“Me mandarão esperar
Na tranqueira do capim
Esperei desesperei
Quem quer bem não faça
assim.
Lá em cima daquele morro
Tem um pé de alfavaca
Um homem que não tem rede
Dorme no couro da vaca”
(CASCUDO, 2012, p. 652).
4. VESTIMENTAS
Felícitas (1958) descreve como deve ser a indumentária
do siriri: os cavalheiros normalmente trajam calças cumpridas e camisas
coloridas, enquanto as damas usam grandes saias estampadas com tonalidades
alegres, à moda da região do Mato Grosso, além disso, outro acessório comum é a
flor no cabelo das mulheres.
5. COMO É ATUALMENTE
A dança siriri, ao longo dos anos passa a conquistar
novos espaços deixando de ser restrita as comunidades ribeirinhas, sendo
considerada uma das principais referências culturais do Estado do Mato Grosso
(SANTOS, 2011). Neste contexto, um de seus instrumentos musicais, a viola de
cocho, foi reconhecida como patrimônio nacional e registrada no Livro dos
Saberes do Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional - (SANTOS, 2011).
Atualmente no estado é
realizado o “Festival de Cururu e Siriri” pela Secretaria Municipal de Cultura
de Cuiabá, que recebe apoio da iniciativa privada. O evento é desenvolvido
desde 2001 como uma forma de estimular a prática destas danças tradicionais,
bem como evitar que sejam esquecidas.
Alguns grupos de Siriri
são:
- Flor Ribeirinha.
- Grupo de Cururu e Siriri
Esperança de Nobres – MT.
6. SUGESTÕES DE ATIVIDADES
PROPOSTA A - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Orienta-se que
seja desenvolvida uma contextualização histórica desta manifestação explorando
estratégias diferentes das tradicionais.
Por exemplo:
traga uma música de siriri e coloque para os alunos ouvirem;
- Pergunte a
eles como seria uma dança para esta música;
- Ofereça orientação a partir das características
que forem apontadas;
- Gradativamente
vá introduzindo os elementos históricos, além de características que ilustrem o
siriri, até que os alunos descubram sobre qual manifestação você está falando.
PROPOSTA B - JOGO INICIAL DE RODA
Objetivo:
Resgatar a tradição
das brincadeiras de roda e indígenas, visto que estas manifestações
influenciaram a criação do siriri.
- Peça
previamente para que os alunos realizem pesquisas sobre as brincadeiras de roda
que seus pais e avós brincavam;
- Também é
interessante que eles tragam aquelas que fizeram parte de sua própria infância;
- Recolha este
material e em conjunto com o grupo explore algumas destas brincadeiras;
- Pergunte aos
alunos, quais das brincadeiras vivenciadas que eles não conheciam; Ou ainda, quais
são as preferidas? Quais possuem nomes diferentes, mas são executadas da mesma
maneira? Etc.;
- É
interessante que você também leve propostas e se possível algumas de origem
indígena;
- Depois das
vivências, é importante justificar o propósito desta atividade, que seria
identificar nestas formas de manifestação, a relação com o siriri.
- Esta relação
pode ser encontrada na origem do siriri, que recebeu influências de
brincadeiras de roda e indígenas.
SUGESTÃO DE BRINCADEIRA INDÍGENA: “OLHA A LARANJA MADURA” (ETNIA PATAXÓ)
(Extraída do livro: “Jogos e culturas
indígenas: possibilidades para a educação intercultural na escola”, p. 117).
- Os alunos
dão as mãos formando um círculo;
- Ficam
girando na roda;
- Cantam a música:
“Olha a laranja madura,
Que cor são elas,
Elas são verdes, vê amarela,
Vira (citar o nome de alguém da roda),
De cor de canela”.
-A pessoa que
teve o nome citado, deve virar de costas para o centro da roda e continuar de
mãos dadas;
- Quando todos
estiverem virados, canta-se outra música, para que uma a uma as crianças voltem
à posição normal;
- A música
para resgatar é: Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar, eu tirava (citar
nome) do fundo do mar (GRANDO; XAVANTE; CAMPOS, 2010).
PROPOSTA C - EXPLORANDO OS SENTIDOS
Objetivo:
começar a vivenciar
alguns elementos do siriri (como a ida ao centro da roda para dançar), e aguçar
outros sentidos para sentir a música e a dança;
- Coloque uma música de siriri;
- Disponha os alunos em roda;
- Dois alunos ficam vendados no centro
da roda dançando;
- Peça para
que eles dancem de acordo com o que sentem a partir da música que estão
ouvindo;
- Os alunos na roda começam a girar;
-
Em um dado momento peça para que um aluno da roda fale uma palavra qualquer, os
alunos do centro devem tentar adivinhar quem falou;
- Quando isso
acontecer troca-se os alunos do centro por aquele que pronunciou a palavra, que
deve convidar um dos outros colegas que estão na roda para ir junto;
- Estes são vendados, e recomeça a
brincadeira;
Obs.: O ideal
é que todos os alunos vivenciem este momento de ir até o meio da roda para
dançar.
PROPOSTA D - IDENTIFICANDO OS INSTRUMENTOS
Objetivo:
Conhecer os
instrumentos tradicionais do siriri.
- Traga
imagens de diversos instrumentos (guitarras, violões, tambores, flautas e
inclusive dos instrumentos tradicionais do siriri);
- Espalhe
estas imagens em pequenos grupos;
- É importante
que em cada grupo existam imagens de instrumentos aleatórios, bem como daqueles
característicos do siriri;
- Coloque alguma música tradicional de
siriri;
- Peça para os
alunos tentarem identificar quais dos instrumentos que eles possuem imagens
fazem parte da música de siriri que está sendo tocada;
- Ao final apresente os instrumentos
corretos, caracterizando-os.
Sugestão: Outra possibilidade é tentar produzir
estes instrumentos com material reciclável, como, por exemplo, o ganzá, que
pode ser adaptado com uma latinha de alumínio com cortes em sua extensão, e um
palito de churrasco para passar sobre ela, resultando no som.
Outras
alternativas são os recipientes de alguns achocolatados em pó que possuem um designer com marcas em alto-relevo, e
desta forma, ao passar o palito de churrasco na superfície destes potes, também
é possível produzir um som interessante.
PROPOSTA E - VIVENCIANDO OS PASSOS.
Objetivo:
Explorar a criatividade
dos alunos com relação ao siriri.
- Desenvolva
uma pequena coreografia de siriri a partir das descrições dos movimentos
oferecidos no tópico número 2, explorando estas movimentações, bem como
posições coreográficas;
7. SUGESTÕES DE VÍDEOS
- <http://www.youtube.com/watchv=2JqMAHuqkEo&feature=related>. Acesso em: 06/06/2012.
Grupo de cururu e
siriri Esperança de Nobres – (MT) Apresentando em Lucas do Rio Verde no 8°
Festival de dança e cultura tradicional mato-grossense.
Presidente: Valdomiro.
No vídeo é possível
encontrar os instrumentos tradicionais do siriri, como a viola de cocho, o
mocho e o ganzá.
- <http://www.youtube.com/watchv=M7fILu3dzGw&feature=related>. Acesso em: 06/06/2012.
Grupo
de Siriri Mirim- Flor do Cerrado.
Festa
de São Sebastião 2011 – Bocaína - MT.
- <http://www.youtube.com/watchv=BMSiHVvsPy0&feature=related>. Acesso em: 06/06/2012.
Apresentação
do grupo Asa branca- 2008 – Show: Brasil de ponta a ponta.
8. REFERÊNCIAS
CASCUDO, L.
C. Dicionário do folclore brasileiro.
12. ed. São Paulo: Global Editora, 2012.
FELÍCITAS. Danças do Brasil. Rio de Janeiro: Tupy
Editora, 1958.
HANSEN, C.;
AMORIM, D. A.; GRACIA, G.; SENRA, J. F.; ARAÚJO, L. F. Siriri. In: GRANDO, B.
(Org). Cultura e dança em Mato Grosso:
Catira, Curussé, Folia de Reis, Siriri, Cururu, São Gonçalo, Rasqueado e Dança
Cabocla na Região de Cáceres. Cuiabá: Unemat Editora, 2005.
SANT’ANA, A. P.; VELHO, A. F.; SILVA,
M. B. Grupo de Siriri Flor Ribeirinha de Cuiabá: mídia e legitimação da
tradição na pós-modernidade. Disponível
em: <http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais16/sem05pdf/sm05ss16_06.pdf >.
Acesso: 06/06/2012.
SANTOS, G.
L. A Dança Siriri na contemporaneidade em MT: ressignificações, novas relações
e trocas. Revista Internacional de Folkcomunicação, v.1, 2011.
9. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS
Figura 1:
<http://teatrogan.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html>. Acesso em: 05/06/2012.
Figura 2:
Ilustração de Irlla Karla dos Santos Diniz.
Figura 3:
Ilustração de Irlla Karla dos Santos Diniz.
Figura
4: Adaptado de figuras da internet.
Acesso: 04/06/12.
Figura 5:
<http://mundodadanca1.blogspot.com/2011/09/mato-grosso-do-sul-volta-ao-brasil-em.html> Acesso: 04/06/12.
Figura 6: Ilustração
de Irlla Karla dos Santos Diniz.
Excelente trabalho de pesquisa. Adorei!!!
ResponderExcluirExcelente trabalho de pesquisa. Adorei!!!
ResponderExcluirMuito obrigada!
Excluirengraçado tem tantas coisas sobre as danças, só não as datas de comemoração, isso ñ so aqui mas em todo blog q a gente vai.
ResponderExcluirMUITO BOM, ME AJUDOU BASTANTE!
ResponderExcluirQue bom! Fico feliz!
ResponderExcluirEu uso o celular do meu pai para fazer pesquisas ,eu achei muito bom esse site , vocês estão de parabéns ..
ResponderExcluirajudou muito!
ResponderExcluirMuito bom, outra sugestão, seria com as letras das canções tradicionais, eu já fiz até um teatro mudo, ou seja, mimica onde os alunos aprendiam a mensagem enquanto cantavam.
ResponderExcluiroi tudo bem??? qual seu contato??? gostei da ideia.... meu é 9 8461 8484
ResponderExcluirÉ essa formação escolar que esses insanos querem tirar das nossas crianças fazendo da população brasileira um grupo de fundamentalista religiosos dos infernos... VIVA A CULTURA POPULAR BRASILEIRA!!!
ResponderExcluirExcelente muito bom
ResponderExcluirOla estamos realizando um projeto sobre a região centro oeste a vamos apresentar o siriri em um congresso e gostaria de mais informações sobre as músicas se possível. Obrigada
ResponderExcluir������❤
ResponderExcluirParabéns! Me ajudou muito no meu trabalho escolar.
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